segunda-feira, maio 01, 2006

Panorama - A gente se vê por aqui!

Roliúde da colônia é pouco pra nós: seremos mais que famosos, agora, que a Rede Globo está montando set de gravação da minissérie " Amazônia" lá no Panorama.
O lugar fica na beira do Rio Acre - onde a gente jogava futebol, nos campeonatos mais animados da minha infância. "Só é falta se pisar na língua!", dizia- se nas saudosas peladasdauele tempo.
Outro dia, aqui no Rio de Janeiro, o governador Jorge Viana disse que a cidade cenográfica vai ficar intacta depois das produções, como um sítio histórico e cultural vivo, para que as futuras gerações de acreanos e os demais brasileiros possam experimentar o lugar onde rolou a encenação da luta dos nossos avós, que fizeram do Acre um pedaço de Brasil, na marra. Eu adorei!
Enquanto Jorge acertava ao telefone os detalhes da viagem do ministro Gilberto Gil e do conterrâneo João Donato para inaugurarem uma Oficina de Comunicação em Rio Branco e com a outra mão levava uns pedaços de comida à boca, contei- lhe que recebi um telefonema dos acreanos daqui, me perguntando se eu tinha e emprestaria um livro do Juvenal Antunes à Glória Perez, que está escrevendo a obra. Disse que perdi, como provavelmente deve ter acontecido com a Glória. Certamente havia um na biblioteca do pai dela, o Miguel Ferrante, que ainda mais do que ela merece homenagens como reconhecimento ao enorme amor que tinha pela nossa terra, nossos hábitos, nossa gente.
Miguel Ferrante- que inspirou e ensinou a filha a escrever- foi, de longe, ícone do Acre, um acreano exemplar, talvez o mais importante deles. Escritor, cartorário, juiz, ministro do STF e, se isso é pouco,foi o pai da Glória e marido da Guguta, outra que merece pelo menos nome de rua em Rio Branco.
Mas, voltando à minissérie...não sei quêde o livro do Juvenal Antunes, mas fiquei sabendo que o poeta vai virar uma estátua tomando cachaça na restauração das bibocas do Mercado Velho de Rio Branco. Eu gosto dessas idéias do Jorge Viana! Ele está sempre aberto a uma acreanice nova!
Só espero que a minissérie da filha do Miguel Ferrante faça justiça aos nossos heróis, principalmente esses que não dão voto nem reconhecimento, mas que anonimamente ajudaram a construir o Acre que o Chico Mendes já pegou feito.
Mas, caçando nos meus empoeirados armários, encontrei, amarrotado e amarelecido, O Meu Diccionário de Cousas da Amazonia", publicado em Belém do Pará, em 1931, pelo Raymundo Moraes. É uma preciosa relíquia. Ganhei do historiador Airton Rocha em 1994 e o bicho resistiu às minhas mudanças, ao tempo e à maresia de Copacabana. Taqui! Se servir...afinal, quero ver a minissérie, me sentir em Roliúde e tirar onda com os cariocas: - Panorama- A gente se ver por aqui!